O que é a dança? Formas em movimento num palco. Como se diz amor? Árvore, pedra, nuvem. Como se sente a alegria? Vendo com clareza, ouvindo com emoção. Tal como a água flui e o vento sopra. Como dizer Portugal? Folclore minhoto em danças ocultas. Como sentir a alma portuguesa? Ouvir as guitarras e o acordeão. Dar voltas e voltas e reviravoltas nas nossas danças, nas nossas vidas, nas nossas músicas, nos homens e mulheres de Portugal. Braços e mãos erguidas, em prece, que se juntam, se separam, fingem que vão mas ficam, parece que ficam mas vão, numa simulada indolência dos sentidos. Numa alegria que esvoaça em movimentos metamórficos dos corpos ou ondas de silêncios que fingem ser sons. Sim, sons, cores e cheiros de um país onde se descobre a grande obra da vida e da morte, do antigo e do moderno, da tradição e da disrupção. Realejo e fandango. Corpos ousados, desafios dançados. Os pés batem no chão como cascos desafiando o destino. Um homem contra mulheres. Homens contra homens em lutas de paus. E depois capotes negros, negros e densos como o espírito e a voz do cante alentejano. Capotes lançados como redes, num desespero de gestos fortes de quem se despede da vida. Gaivotas em céus negros. Abraços e meiguices, segredos e risos, olhares cúmplices namorando nas praias do palco numa intimidade de saias coloridas, fartas, rodadas, levantadas e arrancadas num striptease da alma, imparável e sem norte, até à queda do império numa chuva de lã.
REVIRAVOLTAS
Conceção e Coreografia
Francisco Rousseau e Rui Reis Lopes
Intérpretes
Cristina Maciel; Kimberley Pearl; Maria João Salomão; Paula Rousseau; Brent Williamson; Francisco Rousseau; Marco Marques; Rui Reis Lopes
Músicos
Diogo Chang Faria; Domingos Mira; Gustavo (guitarras)
Ana Paula Tavares; Flávio Bolieiro (acordeãos)
Música Gravada
Danças Ocultas e Tocá Rufar
Luzes
Paulo Graça; Cláudia Rodrigues
Cenografia e Figurinos
Paula Rousseau e Trajes Tradicionais Portugueses
Texto
José António Rousseau
Coordenação Artística
Cristina Maciel
Apoio aos Ensaios
Fátima Brito